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O pai que não foi













         Uma chuva fina escurecia o céu invernal. Desperto às 6 horas de um domingo, Gaspar, deitado na cama ao lado da esposa, tentava recordar as imagens do recente sonho que tivera. Quem afinal era o homem que lhe dissera para entrar, mas que do mesmo jeito impassível lhe ordenara para sair? Embora buscasse um sentido para essa vivência onírica, não conseguia ligar os pontos e formar uma imagem explicativa. O trajeto na estrada em que todos os transeuntes, exceto ele, caminhavam de costas, corpos que não tinham braços, mas um olho na nuca, também não encontrava qualquer entendimento em sua racionalidade.

         Vestido com o pijama, os chinelos e uma capa de chuva, Gaspar foi até a frente de sua casa para buscar o jornal arremessado pelo entregador. O plástico que envolvia o periódico manteve as suas folhas secas, ao contrário dos pés dele, que deixaram pegadas molhadas no tapete da entrada da residência. Enquanto, na cozinha, preparava um café passado na cafeteira, Gaspar folheava o jornal à procura dos assuntos que mais o interessavam. Balançou a cabeça quando leu que o deputado eleito, entre tantos outros votantes, por ele na última eleição havia trocado de partido político e ingressado na base governista da qual sempre fora um adversário histórico. Adiante, a notícia de um professor espancado por um grupo de três alunas em sala de aula; depois, que o transplante de coração havia salvado a vida de uma estrela do cinema hollywoodiano. Na seção do obituário, leu o nome de Baltazar Moreira escrito em negrito entre outras palavras sem o mesmo destaque. Reconheceu a foto do idoso. Sabia que aquele dia chegaria, mas jamais soube como seria a sua reação.

ESTE CONTO ESTEVE DISPONÍVEL PARA LEITURA INTEGRAL até dezembro de 2014. Após essa data, poderá ser lido no livro Contos Perigosos que será lançado em fevereiro de 2015.












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