Sentado em uma cadeira de madeira, os pés apoiados em outra igual logo à frente, o descanso em sua terra natal chegava ao sétimo dia. Sem camiseta, vestindo apenas uma bermuda encarnada, grandes óculos escuros, que lhe tapavam metade do rosto, e chinelos com uma pequena bandeira do Brasil, a pele enegrecida de António Poeta brilhava ao sol do verão de Luanda. Dentro de três dias teria que rumar novamente para a Espanha e se apresentar ao clube para os treinamentos preparativos para a disputa do segundo turno da liga de futebol. Embora ainda adorasse a prática esportiva, depois de seis anos morando na Europa, o jogador sentia um pouco de pesar por deixar o verão africano e retornar ao frio de Madri. O irmão caçula, Daniel, aproximou-se e puxou uma cadeira ao lado de António. Para o mais moço, o outro era um exemplo, um ídolo que, antes dele, hav ia habitado o mesmo ventre em que fora gerado. Daniel olhava admirado par...
LiteromaQuia é o blog que reúne alguns dos meus textos, principalmente narrativas breves e poemas.